Os muares têm ocupado, cada vez mais, espaços que por anos foram dominados por cavalos. Estão se tornando protagonistas no hipismo, em provas esportivas com tambor e em cavalgadas. Além do destaque dentro do Brasil, no exterior a preferência por muares em competições cresce, especialmente em provas de Adestramento.
Em 2014, a mula Heart B Dyna e sua treinadora, Laura Hermanson, chegaram às finais da prova de Adestramento estadunidense, em Lexington, no estado do Kentuchy. Foi a primeira vez que uma mula chegou às finais neste tipo de prova, nos Estados Unidos. “O Adestramento tem fama de ser elitista. Eu sou a prova viva de que isso não é verdade. Eu monto em uma mula, pelo amor de Deus! Isso mostra que qualquer um pode fazer. Se você tem um sonho, você pode realizá-lo”, disse Laura.
Em julho de 2018, o muar Wallace venceu uma prova de Adestramento no condado de Gloucestershire, Inglaterra, competindo contra cavalos. A amazona que conduziu Wallace, Christie Mclean, apesar do preparo que realizou com o animal não esperava que ele fosse se sobressair ou que fosse tão popular. “Ele tinha um fã clube enorme lá; Eu não esperava tanta gente!”, afirmou Christie.
Mais próxima da nossa realidade, aqui no Brasil, a mula Marota, montada por Claudia Leschonski, participou do campeonato da Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural (ABHIR). Claudia Leschonscki é instrutora de equitação, veterinária e professora. Ela e Marota conquistaram o título de campeã de hipismo rural na categoria másters, nos anos de 2017 e 2018. Marota também se consagrou como a primeira mula a participar de um Concurso Completo de Equitação (CCE), além de competir em provas de Equitação de Trabalho e Salto.
O Sr. Ricardo Naschiold, dono da mula, proíbe o uso de violência em todos os animais de sua propriedade, sítio Quero-Quero em Capela do Alto (SP), o trabalho foi desenvolvido junto com a Cláudia. “Todos os potrinhos tem um manejo de manusear, acariciar e mexer nos cascos. Há um trabalho de habituá-los a voz das pessoas desde o dia que nascem. Então a Marota sempre teve muita confiança nos humanos”, disse Cláudia Leschonski. A iniciação da Marota também contou com o suporte da Universidade do Cavalo, no método de Doma Inteligente.
Cláudia tem certeza que para Marota as viagens rumo às competições e as provas que ela realiza são pura diversão, muito desse resultado deve-se treinamento feito com ela na propriedade do Ricardo. “De uma maneira bem natural os animais vão se acostumando ao treinamento, isso inclui salto em liberdade […] A Marota foi feita assim, tenho clara convicção de que até hoje ela acha que salta por conta própria. Na cabeça dela, não é o cavaleiro que a faz saltar”, afirmou.
A ABCJPÊGA fica contente em ver o crescimento de trabalhos de doma com muares no mundo inteiro. A Associação também reitera a importância de lidar com esses animais de forma racional, para que mulas e burros continuem convivendo em harmonia com as pessoas.